Com açúcar, sem afeto: representações femininas nas canções Folhetim, Tango de Nancy e Geni e o Zepelim, de Chico Buarque
DOI:
https://doi.org/10.6092/issn.2036-0967/4764Palavras-chave:
feminismo, teoria queer, padrões sociais, hegemonia nacional, regime militarResumo
A partir da análise comparativa das canções Folhetim (1977-78), Tango de Nancy (1985) e Geni e o Zepelim (1978), de Chico Buarque de Holanda, o presente artigo propõe um diálogo nas relações de gênero que se estabelecem nas letras musicais, com algumas proposições da crítica feminista e da teoria queer. O perfil dos personagens que integram a tríade musical aqui escolhida, será delineado sob a ótica de estudos que discutem a alteridade, pensando no seu comportamento em (des) harmonia com o grupo de referência ou dominante. A representatividade dos sentimentos femininos e homoafetivos que as canções nos remetem, colocam os personagens em situações que se distanciam dos padrões sociais estabelecidos e/ou imaginados e que desestabilizam a constituição do sujeito. Além disso, compreendendo as canções aqui referidas também como símbolos sociais, buscou-se caracterizar determinados tipos de comportamentos dos personagens que estabelecessem oposição às pretensões de homogeneidade nacional, impostas pelo regime militar brasileiro. Tais condutas, que em sua maioria eram parte do cotidiano da época, revelam um olhar crítico do autor sobre a sexualidade; assunto muito reprimido pela ditadura civil militar daquele contexto.
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